Os relâmpagos surgiam aleatoriamente nas nuvens azuis quase esverdeadas, e faziam figuras engraçadas na parede atrás do menino. O dia já quase sucumbia e a noite chegava, mas o menino continuava lá, estático, quieto, observador. Buscava em imagens de relâmpagos refletidos, a compreensão dos caminhos tortuosos da vida e a razão do curso irregular que o tempo impunha sobre ele. Quando chovia, realizava-se o mesmo ritual de observação.
O tempo passava, e o homem já feito, observava a sua imagem refletida na grande janela de seu escritório no 14º andar. Queria seguir o curso do pequeno riacho, onde entender era melhor que esquecer. Ser criança novamente era algo impossível. Ao menos via algumas gotas pequenas e velozes que corriam janela abaixo. As gotas o faziam lembrar vagamente o pequeno riacho que levava suas melhores lembranças e pensamentos do tempo de infância. Era criança novamente.
Fabiano Favretto
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