- Mas .. Tio!
- Ô subrinho! Força nas pacuera! Só purquê vóis mecê é da cidade grândi nãum qué dizê que não tem força! Vamo, vamo!
- Poxa Tio! Aff! Mas só dessa vez!
E o garoto some na baixada com o pequeno saco de milho em suas costas, e rapidamente entra no paiol.
-Esses minino da cidade! Tudo molenga que nem palanque no banhado! Não é não, Nhô Chico?
-Se nóis precisasse de modo que esses minino impreitasse na roça.. Nóis murria de fome!
-E não é memo?
-Tudo esquisita essas gente da cidade.. Óia o cabelo do imundice! Tudo na cara! Garanto prá vois mecê que ele não enxerga um parmo na frente do zóio!
-Vai vê ele gosta daquele tar de Diústin Bíbar..
-Ou daquele que canta.. NOSSA! NOSSA!
-...Assim ocê mi mata?
-Não, não! (tom de apreensão)
-... Aí se eu te pégo!
-NÃO!
- Então cumé que é?
-Se ocê naum saí daí, quem vai te pegá é aquela Cascavé !
- Êloco! Sartei de banda!
Nhô Chico puxa a garrucha da cinta e atira na cascavel!
-Deitô na fumaça!
-E não é memo?
- Que tar que cobra criada! Vâmo levá pra casa pra tirá o guizo e o coro dela pra vendê!
-Ô se vamo!
Eles pegam a cobra morta e seguem para casa. Logo a noite cai.
-Tio! Cadê você? Já está tarde! Alguém? Alôô!
O menino fica sozinho e decide dormir ali mesmo abaixo de uma grande árvore.
- O jeito é eu ligar meu MP3 e escutar música até dormir.. aproveito e vejo as músicas que meu primo me passou!
"Você talvez não conhece, o veneno que as cobras têm.
Pois elas quando dá o bote balança o guizo também.
A cascavel é traiçoeira, quando ela quer se vingar,
Balança o guizo contente na hora dela picar.
A urutu é perigosa, de ruim não se manifesta.. ♪♫" *
-Pensando bem, melhor não! Vai que tem uma cobra...
Fabiano Favretto
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