O ônibus demorava. O rapaz impacientemente olhava o relógio como se pudesse parar o tempo. Tinha medo de se atrasar. Ele nunca se atrasara. Em poucos minutos o ônibus chegou, mas para quem está quase atrasado, alguns minutos são pequenas partes de uma eternidade.
O ônibus andava e os primeiros raios de sol adentravam pela janela do veículo motorizado. Sombras transversas se formavam e reflexos desinibidos mostravam cores de tons laranjados. A silhueta da cidade se formava ao longe. O tempo sumira, e o rapaz sentia-se preso a si mesmo em um estado quase hipnótico. Ele não se importava mais.
A rotina continuava, e os caminhos eram percorridos. Era mais uma sexta feira que se originara em meio ao corre-corre do agitado formigueiro humano. Os ponteiros giraram talvez mais lentamente e os ônibus desaceleraram. Ele não se atrasou. O tempo continuou, o tempo nunca existiu.
Fabiano Favretto
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