Naquela gaveta
N'uma velha escrivaninha,
Em uma caixa empoeirada,
O coração,
O pobre homem guardava.
Só o retirava
Quando escrevia,
Ou quando
A saudade aumentava.
Remoía-se em pesares
Culpando-se
Daqueles males
Que há tempos consigo
Haviam.
Novamente na gaveta
O coração Trancado ele deixou.
Não mais escreveu,
E não mais o tirou.
Mesmo que
Do amor recordasse,
E que a saudade
Apertasse
De uma coisa sabia:
Não há frases,
E nem remendos talvez,
Que um coração solitário
Tornem feliz outra vez.
Fabiano Favretto
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