O engenho:
A doçura da cana.
O suor do escravo
Da pele derrama.
O produto final,
Dote de casamento.
Amargo afinal
Esta vida de sofrimento.
Mistura-se a garapa
Ao sangue do inocente
O pelourinho, o velho abraça
Por ser desobediente.
Manga com leite
Faz mal à saúde
Feijoada é deleite
Para quem não é rude.
Capoeira no terreno
Dança, luta e gingado.
O cansaço é pequeno
Perto do golpe acertado.
Mascavo
Cheiro de mel está no ar.
Aguardente com cravo.
Está o sinhô a cantar.
Senzala à noitinha,
Murmúrios finos ecoam.
Acende uma vela, "Mainha",
Para aqueles que já se foram.
Amanhece quente o dia,
Neste mês primaveril.
Assinaram carta d'alforria
Findando tempo febril.
Nunca houve maior felicidade
Do que este dia no engenho.
Festejam todos pela igualdade
Olhando o passado com desdenho.
Fabiano Favretto
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