Estou olhando esta faca:
Ela está a reluzir.
Estou a contemplar esta adaga:
Em breve deverei agir?
Cortes profundos,
Riscos diagonais.
Buracos profusos
Golpes meridionais.
Cicatriz exposta,
O sangue coagula.
Não vejo outra resposta
Para esta sede, esta gula.
Na alma vejo feridas
Que insistem em sangrar.
Vejo as minhas mãos frias
Cansadas de lutar.
Fina, doce e lânguida,
A lâmina reluz
O fio estreito da vida,
O grande peso da cruz.
Estou aqui mesmo pensando
E também estou a chorar,
Diante do futuro pesando
No fio da lâmina a cortar.
Fabiano Favretto
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