sexta-feira, 10 de março de 2023

Carrilhão

Vivo eternamente no passado

Dos dias que um dia virão,

E mesmo assim despreocupado

Sinto que não piso no chão.


Pulo semanas em uma tarde,

Chega a noite e se foi o verão.

Um ano passa como se não

Fosse eu um covarde:


O tempo mesmo não se importa

Com todo esse desafinado alarde

Da vida involuntariamente torta


E que ruidosamente tem esse efeito

Nas engrenagens velhas

Do carrilhão do meu peito.


Fabiano Favretto

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