Seriam as IAs
Os futuros
Gênios da lâmpada?
Fabiano Favretto
Eu, eu mesmo.
Qual o propósito
De minha existência?
Eu faço diferença?
Não conseguirei mudar o mundo
Mesmo se eu tentasse.
Tenho medo da morte.
Não sei o que há além
Do sono derradeiro.
Não quero saber que vou morrer.
Não quero que doa
Se acontecer.
Viver já é tão difícil
E no entanto é tão bom.
A morte ninguém sabe,
Ninguém voltou.
Ninguém me disse
O que há do outro lado da parede.
E todos esses dias
Após dias
Vou planejando
Um dia
Que valha a pena viver.
Que esse dia chegue
E me traga esclarecimentos,
Para que em todo meu privilégio
Eu saiba como ao menos
Proceder.
Mas ainda tenho medo.
Quero viver.
Mas tenho medo,
Ansiedade
E pavor.
Será que preciso realizar mais?
Realmente preciso fazer a diferença?
Por que tanta carga?
Quero ser feliz
E quero as coisas simples.
Mas tenho medo
De não conseguir.
Fabiano Favretto
Ando tão dislexo
Que a cada passo
Inverto o trecho.
Se me desleixo
Quase transpasso
O chão de seixo.
Cada sílaba
Uma rocha,
Uma silada:
Tropeçada,
Canela roxa
Na calçada.
Fabiano Favretto
Dai-me
O poder da ignorância,
Pois somente os tolos se acham sábios.
Em minha profunda
E falsa modéstia,
Tolice em mim não falta.
Fabiano Favretto
Nem que Cronos devore
Todos os deuses (filhos?) do Olimpo,
Não haverei de queixar-me.
Tampouco, recorrerei à medula,
Fabricante de meu sangue
Que vulgarmente circula pelo meu corpo.
Por fim,
Se for fim,
Desejo uma cova larga
E alguns anjos de mármore.
Nada mais.
Fabiano Favretto