domingo, 19 de outubro de 2025

Ansiedade de estar vivo

Qual o propósito

De minha existência?

Eu faço diferença?

Não conseguirei mudar o mundo

Mesmo se eu tentasse.


Tenho medo da morte.

Não sei o que há além

Do sono derradeiro.

Não quero saber que vou morrer.

Não quero que doa

Se acontecer.


Viver já é tão difícil

E no entanto é tão bom.

A morte ninguém sabe,

Ninguém voltou.

Ninguém me disse

O que há do outro lado da parede.


E todos esses dias

Após dias

Vou planejando

Um dia

Que valha a pena viver.


Que esse dia chegue

E me traga esclarecimentos,

Para que em todo meu privilégio

Eu saiba como ao menos

Proceder.


Mas ainda tenho medo.

Quero viver.

Mas tenho medo,

Ansiedade

E pavor.


Será que preciso realizar mais?

Realmente preciso fazer a diferença?

Por que tanta carga?

Quero ser feliz

E quero as coisas simples.

Mas tenho medo

De não conseguir.


Fabiano Favretto










Grupo do condimínio

Treta,
Loucura,
Discussão.

Mas
Ninguém
Vai 
Na 
Assembléia.

Fabiano Favretto

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Disleixico

Ando tão dislexo

Que a cada passo

Inverto o trecho.

Se me desleixo

Quase transpasso

O chão de seixo.


Cada sílaba

Uma rocha,

Uma silada:

Tropeçada,

Canela roxa

Na calçada.


Fabiano Favretto




quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Releitura

Dai-me

O poder da ignorância,

Pois somente os tolos se acham sábios.

Em minha profunda

E falsa modéstia,

Tolice em mim não falta.


Fabiano Favretto

Tutano

Nem que Cronos devore

Todos os deuses (filhos?) do Olimpo,

Não haverei de queixar-me.

Tampouco, recorrerei à medula,

Fabricante de meu sangue

Que vulgarmente circula pelo meu corpo.


Por fim,

Se for fim,

Desejo uma cova larga

E alguns anjos de mármore.

Nada mais.


Fabiano Favretto