Com os olhos semicerrados, olho o relógio na parede tentando adivinhar que horas são, mesmo sabendo que já estou atrasado para compromissos inexistentes e horas-extras de vagabundagem.
Me espreguiço no sofá verde e fedorento, e me assusto quando encosto num pedaço de pizza mofada que estava numa caixa de papelão engordurada entre o sofá e a parede.
Me esforço para levantar, e o faço de subto movimento. Minha cabeça dói: efeito dos narcóticos e bebedeira do dia anterior. Arrasto-me fraco e incerto, me escorando pelas paredes. Chego ao banheiro e me deparo com um cheiro horrível de bosta e vômito. Faço ânsia. Sinto nojo e vergonha de mim mesmo quando vomito em minha própria roupa, e depois no banheiro já todo fodido e imundo. Ligo o chuveiro e me arrasto até debaixo daquela água morna com cheiro de cano enferrujado e tétano. Fecho os olhos enquanto respiro ofegante, desejando dar um tiro na minha própria cabeça.
A campainha toca.. Não, não era a campainha, e sim o despertador do celular.
Com os olhos semicerrados, olho o relógio do celular. Sinto-me satisfeito por ter acordado daquele sonho, mesmo sendo uma manhã de segunda feira. Olho meu quarto e fito a janela que permanece escura. O dia ainda não havia amanhecido ao todo.
Fui trabalhar.
Fabiano Favretto
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