No asfalto rígido e sujo,
Jaz um pobre motociclista.
Não sei quem é o dito cujo,
Quem foi tal motorista.
Pela janela do ônibus,
Olhares curiosos
Com uma espécie de ônus
E argumentos jocosos.
Algumas frases soltas
Sobre violência no trânsito.
Disseram "esse já eras"
Em tom um tanto aflito.
Uma senhora faz o Nome do Pai.
Deve ter filho motociclista;
Quem sabe o sujeito não era pai,
Quem sabe não era artista?
Num breve passar de quadros,
Chocadas as pessoas observam.
Um anônimo, o silêncio no brado
A vida que esvai-se. Choram.
E a viagem segue em frente,
Mas creio que o motociclista não.
Foram embora todas as gentes
Mas meus olhos ficaram ao chão.
O rio triste de sangue vermelho,
As imagens de uma infeliz viagem.
Seja jovem, adulto ou velho,
Na minha memória ficará esta imagem.
Fabiano Favretto
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